Aveia “dorminhoca” com cacau

Com o fim da quimioterapia conversamos com os médicos, chegando à conclusão de que seria melhor voltar para São Paulo, e lá fazer a cirurgia e em seguida a radioterapia. Estou muito debilitada e daqui em diante qualquer ajuda é essencial no dia a dia. Isso sem falar na proximidade das pessoas queridas… Quero estar perto da minha filha.

Ao terminar o último ciclo de quimioterapia, toquei o famoso sino na sala de infusão do hospital. Presenciei a cena algumas vezes durante o tratamento. Bati palmas e fiquei feliz por quem seguia para o estágio seguinte de seu tratamento ou recebia alta. Mas quando chegou o meu grande dia, não controlei as lágrimas e não consegui falar nada. Saiu um toque fraquinho e só consegui abraçar aquelas pessoas incríveis que me acompanharam por todos aqueles meses de quimio. Era enorme o alívio de concluir uma etapa tão difícil, que exigiu tanto de mim, mesmo sabendo que ainda tenho uma longa jornada pela frente. 

Apesar do cansaço, organizei nossa mudança em pouquíssimos dias. Assim como aconteceu quando mudei para o Maranhão, resolvi só levar o essencial. Separei os objetos de uso pessoal, meu material fotográfico, algumas louças e livros. Pelo visto, aprendi direitinho a lição do desapego! Vendi os móveis, doei parte das roupas, alimentos e tudo aquilo que não iria fazer falta. Chamei uma empresa de mudança e, sentada, sinalizei tudo que seria embalado e despachado. 

Sei que o que mais fará falta é aquele lugar. Após alguns anos morando em São Luís, acordando e dormindo com o mar bem ali na minha frente, calor e muito vento, fiquei triste, mas agradeci por viver esse privilégio. Durante este período repensamos e mudamos hábitos, descobrimos o que é realmente necessário numa casa, e deixamos de consumir por impulso. Aprendemos na prática o significado de qualidade de vida, buscando sempre manter um ritmo que nos permitisse olhar ao redor com atenção. Mudamos a nossa alimentação radicalmente. Fizemos tantos planos…

No entanto, nem sempre nossas escolhas podem estar alinhadas unicamente com a nossa vontade. E lá estava eu, partindo e deixando muitos sonhos para trás. Sabendo que seria necessária muita atenção e cuidado no processo de readaptação à cidade de onde havia vindo. Eu não quero voltar e ter a mesma vida que tinha antes destes anos no Maranhão. 

Embarquei no avião sem folego e com minha máscara molhada de lágrimas…

O tratamento segue, agora com a cirurgia como próxima etapa, e novos desafios a serem vencidos. A alimentação tem sido um dos maiores trunfos que tenho a meu favor, deixando muitos médicos bem surpresos com a resposta do meu organismo à medicação. E uma das receitas que tem feito parte das minhas manhãs é a aveia “dorminhoca”, que preparo na véspera e pode até ser levada na bolsa quando tenho algum compromisso logo cedo.

Aveia “dorminhoca” com cacau

Ingredientes

• 3 colheres (sopa) de aveia em flocos
• 1 colher (chá) de cacau em pó
• 1/3 xícara de leite vegetal
• 2 colheres (sopa) de amêndoas picadas
• 2 colheres (sopa) de cranberries desidratadas (ou passas, tâmaras)
• 1 colher (sopa) de coco ralado
• 1 colher (chá) de manteiga de amêndoa ou amendoim
• Melado

Modo de fazer

• Coloque a aveia, o cacau e o leite em um vidro com tampa. Misture, tampe e guarde na geladeira de um dia para outro. Se ficar muito seco, junte um pouco mais de leite.
• Na hora de servir misture bem e acrescente  a amêndoa picada, o cranberry e polvilhe o coco ralado. Cubra com a colher de manteiga de amêndoa (ou amendoim) e finalize com um fio de melado.

Notas

Quando tenho pronto em casa, junto algumas colheres de iogurte de coco. Se preferir, adoce a gosto.