Enquanto digito essas linhas, percebo que finalmente temos um dia de sol e céu azul depois de muita chuva. Olho para a janela e vejo a cortina voando. Algo importante porque ter um ventinho aqui no litoral salva o dia.
Os pássaros estão alegres lá fora, ouço uma sinfonia de diferentes cantos. Alguns estão na varanda, atrás do pé de jabuticaba, comendo na velha forma de alumínio. Após resgatar muita casca de fruta lá no térreo, e para não levar bronca da zeladora, inventamos um comedor amarrado junto à grade (assim não cai lá embaixo quando venta forte).
Eles disputam cada bocado das frutas que coloco lá se revezando, ou talvez respeitando alguma hierarquia entre as espécies. Percebo que o sabiá é o mais temido. Assim que aparece, os outros voam e se colocam na ponta oposta da grade, esperando uma nova oportunidade de comer mais algum pedaço.
Em alguns momentos do dia passo pela sala e observo pela janela uma fila de pássaros esperando sua vez de compartilhar a refeição. E se eu falhar com a fruta, eles ficam por ali cantando, ou seria chamando? Deveria considerar a possibilidade deles estarem aprendendo a pedir!
Não conheço os nomes dos pássaros que nos visitam, gosto de observar o seu colorido. Na verdade, nunca fui muito boa para guardar nomes de espécies animais. Quem andou pesquisando foi o marido, e por vezes tenta me ensinar quem é quem. Mas ando muito distraída, prefiro manter somente a preocupação de colocar diariamente as frutas lá fora…
Se tem algo que aprendi ao longo dos anos (talvez os mais recentes foram os melhores professores!) é manter o foco no que realmente me interessa, e faz o coração bater mais forte. Desisti de tentar aprender ou fazer tudo. Me tornei alguém mais minimalista nesse quesito. E sigo num compasso mais lento e tranquilo.
A minha vida finalmente reencontrou aquele ritmo que descobri nos anos (sabáticos) em que vivi no Maranhão (porque não me contentei com um só!). E ao sentir, novamente, esse estado puro de contentamento, de comunhão com o simples, também me vejo tendo o cuidado de mantê-lo sem nenhum tipo de ansiedade ou excesso. Adotei o modo avião como um modo de vida. E sigo com cuidado, como que cultivando uma planta delicada.
Uma das inspirações para a receita desse biscoito foi com certeza o limão-siciliano, muso absoluto na minha cozinha. Aliás, a muda que plantei em um vaso, também na varanda, segue firme e crescendo devagar. Já aprendi em outros tempos que plantar uma muda dessas requer uma boa dose de paciência. É uma árvore com um tempo lento para se desenvolver nos primeiros anos de vida.
O outro motivo para assar biscoitos nessa época do ano são os meus já tradicionais presentes comestíveis para a família e amigos.
Biscoito de tahine e limão-siciliano
Ingredientes
- 230 g de tahine
- 2 colh. (sopa) de leite vegetal
- 1 colher (chá) de extrato de baunilha
- raspas de 1 limão-siciliano
- 2 colh. (sopa) de suco de limão-siciliano
- ¾ xíc. de açúcar mascavo (ou de coco)
- 1¼ xíc. de farinha de aveia
- ½ colh. (chá) de sal
- 1 colh. (chá) de fermento em pó
- sementes de gergelim para finalizar (opcional)
Modo de fazer
- Aqueça o forno (180º C). Forre uma assadeira grande com papel manteiga.
- Misture o tahine, leite, baunilha, suco e raspas de limão em uma tigela, até ficar homogêneo.
- Peneire os ingredientes secos sobre a tigela. Mexa até formar uma bola.
- Enrole pequenas porções, coloque na assadeira, aperte e achate com cuidado. Deixe um espaço entre os biscoitos.
- Polvilhe o gergelim (se usar).
- Leve ao forno por 10 a 15 minutos. Espere esfriar antes de desenformar.
Estou gostando muito das suas receitas! Mas gostando também dos seus textos!
Olá Monica! Que delícia de leitura e receitas. Vou experimentar o biscoito de tahine e limão siciliano, que também adoro. Além disso fiquei animada para ter na varanda um pé de limão! Tenho jabuticaba e amora. Quem sabe dou sorte com lo limão.
Grande abraço! Fique bem ❤️
Que bom receber notícias suas!
Seu texto me fez lembrar da música “É o que me interessa, de Lenine”. Se nunca a escutou, fica a minha sugestão.😉
Guardo comigo a sugestão da biografia de Frida. Também me encanta a sensação da leitura que “parece” ter um momento exato para acontecer.
Saúde, Monica!
Oi Jamile! Adorei a lembrança dessa música do Lenine… Faz tempo que não escuto! Você vai adorar a biografia da Frida. Um abraço apertadinho