Quando minha mãe se foi, meu pai plantou uma árvore em sua homenagem entre a casa dele e a nossa. Pesquisou, leu, procurou e acabou resolvendo por um jequitibá. Não sei bem o porquê da escolha, mas achei que o gesto em memória dela já era lindo demais!
No primeiro inverno da arvorezinha, o frio foi demais para coitada e ela aparentemente não aguentou. Ficou meio seca e parou de crescer. Lembro que meu pai ficou bem triste, mas deixou a ideia da árvore para outra hora. Tinha tantas feridas para cuidar…
Algum tempo depois (talvez anos…) descobrimos que o jequitibá vingou e estava crescendo lindo, mas dividido em três árvores que saíam do mesmo tronco. Tal qual minha mãe, que era trigêmea!
Desde que voltei para São Paulo, escolhi o cantinho do jequitibá para meditar e assistir ao pôr do sol. Ele está num dos pontos mais altos aqui do sítio e é de onde a gente vê as cores mais quentes do céu, quando já está anoitecendo.
Encontrei uns tronquinhos cortados para virar lenha na pilha no canto da garagem e improvisei um banquinho, que ficou meio curvo, igual uma poltroninha. E é por lá que gosto de acalmar os pensamentos e dar uma organizada nas ideias. Bem do lado há alguns pés de limão e quando estão florindo, não preciso dizer que o perfume é do outro mundo — literalmente! E quando sinto saudade da minha mãe, de quebra, dou um abraço na árvore.
Nos últimos dias andou fazendo frio — na verdade, muito frio para o meu gosto. Logo quando eu me preparava para guardar a roupa de inverno e começar a semear um monte de verdurinha que precisa de mais calor. Com o tempo assim, acabei deixando de ir ao jequitibá esses dias, mas ainda vejo ele da janela.
Além disso, já que tivemos frio, aproveitei para fazer algumas comidinhas que aquecem não só o corpo, mas a alma. É aquela sensação de conforto (como o abraço que dou no jequitibá) e ainda de quebra, faz a gente até esquecer um pouquinho de tanta tristeza que o país está vivendo…
O cozido de feijão-branco com abobrinha foi a receita escolhida e feita com folhas de couve da horta, assim como a salsa, cebolinha, alecrim e o louro… Este último cresceu tanto que até assustou, já que costuma seguir um ritmo lento. É quase como 2020, fora do normal e em velocidade avançada…
A receita foi quase nada modificada do blog Compassionate Cuisine.
Feijão-branco com abobrinha e couve
Ingredientes
- 1 colher (sopa) de azeite de oliva ou óleo vegetal
- 1 cebola picada
- 2 dentes de alho picados
- Raspas de ½ limão
- 1 folha de louro
- 1 raminho de alecrim
- 1 colher (chá) de páprica
- 2 talos de salsão picados
- 1 lata de tomate pelado (ou 2 tomates grandes e maduros picados)
- 1 colher (chá) de orégano
- 2 xícaras de feijão-branco cozido
- 1 xícara de caldo de legumes
- 1 abobrinha cortada em cubos
- Folhas de couve picadas em tiras
- Sal e pimenta-do-reino
Creme de tofu e ervas
- 270 g de tofu
- 1 colher (sopa) de azeite de oliva (ou mais, a gosto)
- Suco de ½ limão
- ¼ xícara de farinha de amêndoa (ou resíduo de leite vegetal)
- ½ colher (chá) de alho em pó
- 1 colher (chá) de mostarda em grãos
- 1 colher (chá) de orégano
- Folhas frescas de salsa, cebolinha, manjericão
- Sal e pimenta-do-reino
Modo de fazer
- Aqueça uma panela de fundo grosso em fogo alto. Refoque a cebola no azeite até ficar translúcida. Em seguida junte o alho e o salsão. Mexa e refogue por 1 a 2 minutos. Junte o tomate e as ervas frescas, o caldo de legumes, páprica e raspas de limão.
- Cozinhe por alguns minutos e junte a abobrinha e o feijão. Cozinhe até a abobrinha ficar macia.
- No final do cozimento junte as folhas de couve picadas. Misture e cozinhe só até incorporar.
- Sirva acompanhado do creme de tofu e ervas.
Creme de tofu e ervas
- Bater todos os ingredientes no processador até ficar homogêneo e bem cremoso.
Que história linda a do jequitibá que se dividiu em 3 grandes troncos… e que sorte a sua ter um paraíso como esse para meditar. E quanto as receitas, muito obrigada! Estão me ajudando muito <3
Gostaria de saber se posso congelar essa comida
Oi Maria Alice! Já congelei e se manteve perfeito.