Desmontando a Confraria do Patchwork
Apesar da tranquilidade que anda minha vida, existiam algumas cobranças no ar. Eu precisava decidir o que fazer com o que ficou suspenso em São Paulo.
Quando fechei o ateliê, imaginei que fosse algo temporário e foi assim que me despedi das minhas alunas. O que fez com que elas me contatassem, de tempos em tempos, perguntando quando eu retornaria com as aulas. Também existiam os custos e as preocupações com a manutenção e segurança do espaço. Ao perceber que eu não voltaria tão cedo, apesar de continuar cheia de dúvidas sobre e quando voltar, pensei em uma solução. Mas, precisei amadurecê-la, levei quase um ano até arrumar coragem para dar o primeiro passo. Só tomei uma atitude quando compreendi que eu precisava encerrar esse ciclo para prosseguir.
Uns dias antes da minha viagem a São Paulo, chamei algumas das minhas alunas, as mais antigas, para me ajudarem a desmontar o ateliê. O trabalho seria grande, além de separar e encaixotar tudo eu precisava encontrar pessoas interessadas no que eu estava me desfazendo. Levamos dias até esvaziar completamente o espaço que guardava quase uma década de história da Confraria do Patchwork. Desmontei e doei praticamente tudo: móveis, máquinas de costura, enfeites, livros e várias caixas com linhas e tecidos.
Observei a emoção nos gestos e olhares de quem estava à minha volta, e tive que me controlar para não chorar, ou pior: perder a coragem. Voltava para casa empoeirada e me arrastando, de cansaço e de tristeza. Chorei muito no meu travesseiro ao longo daquela semana.
Eu estava encerrando um sonho, um trabalho que levei vários anos para construir, em seu auge. O medo de estar cometendo um erro pulsava dentro de mim a cada passo que eu dava ali dentro. E saí de lá carregando este medo comigo.
Separei algumas caixas para mim e nelas comecei a guardar alguns objetos especiais e os meus trabalhos mais queridos. Mas eu não tive muito tempo para pensar nisso, minhas escolhas foram mais intuitivas do que racionais. Resgatei alguns objetos que foram da minha mãe e da minha avó. Da enorme pilha de trabalhos que costurei, peguei aqueles que seria possível usar em casa. Colchas e mantas para a cama, toalhas de mesa, cortinas que seriam embaladas pelo vento nas janelas da minha vida futura… também separei algumas peças para dar para minha filha.
Foi complicado, naquele turbilhão de emoções e pensamentos, refletir sobre cada objeto. A todo momento chegava alguém me perguntando o que fazer com a cortina com o barrado de fuxicos, com as bonecas de pano sobre o arquivo (que eram lindas, presentes de algumas alunas), e a coleção de alfineteiros sobre a velha máquina de costura…
No fundo, para mim, tudo era especial, meu sonho era encolher o atelier inteiro para guardá-lo numa caixa de papelão e levá-lo para onde eu fosse. Ou, ao menos, até o dia em que ele já não fosse mais tão significativo para mim. Nem tão importante no meu processo de conexão comigo mesma.
Quando o caminhão saiu com os últimos móveis e eu fiquei ali varrendo o piso, senti um enorme vazio. O processo de desapego foi enorme, mas o meu atelier, a minha Confraria do Patchwork, está costurado em meu coração. Sinto que o levarei comigo aonde quer que eu for.
O homus
Pratos árabes causam certa confusão na hora de pronunciar os nomes. Em alguns lugares lemos “homus” e em outros “humus” (ou ainda hummus). Como não sou descendente de árabes, tentei descobrir uma explicação. Não sei se o que vou colocar aqui é o correto — me corrijam se necessário — mas entendi que a palavra “homus” significa grão-de-bico. Quando acrescentamos tahine (pasta de gergelim), o nome passa a ser “hummus bi tahine”.
Seja escrito de uma forma, ou de outra, o que, a meu ver, importa mais é fazê-lo preferencialmente com o grão-de-bico fresco, e servir com pão sírio e acompanhado de um bom azeite de oliva (se possível extra virgem!).
Homus
Ingredientes
- 1 xícara de grão-de-bico
- 2 dentes de alho
- Sal a gosto
- Azeite de oliva a gosto
- ¼ xícara de tahine
- ¼ xícara de suco de limão
Modo de fazer
- Deixe o grão-de-bico de molho na véspera.
- Cozinhe com o alho descascado e inteiro, até ficar macio. Escorra reservando a água do cozimento.
- Amasse os dentes de alho no pilão com sal, até que desmanchem e formem uma pasta.
- Passe os grãos ainda quentes no processador, com o alho e azeite. Coloque o azeite aos poucos até que a pasta fique cremosa, mais ainda grossa.
- Misture o tahine e o suco de limão em outra tigela até que fique homogêneo. Junte o grão-de-bico, mexendo bem. Se ficar muito espesso, acrescente um pouco de água do cozimento reservada.
- Prove e ajuste o sal.
Oi xará! 🙂
Acabei aqui no seu blog, mas procurando a “pronúncia” de “homus”, que eu já faço há algum tempo.
Com isso, li sua história e já estou encantada, sem nem ter visto receita nenhuma ainda.
Adorei a sinceridade das suas palavras..
Agora, com licença, que vou dar uma olhadinha por aqui. 😉
Beijinho
Me conta depois que receitas gostou… se fez alguma… Um beijo