Quando dezembro chegou, me preparei emocionalmente para o último compromisso de grande impacto emocional (e físico!) de um 2020 que não foi lá muito fácil de digerir. Dois anos após a mastectomia total e de convívio estreito com um expansor mamário enrijecido por 30 sessões de radioterapia, chegara o momento de trocá-lo por uma prótese definitiva. Foram 24 meses em que o exercício diário de paciência acabou se tornando um aprendizado de resiliência. Enfim, fica sempre mais fácil suportar quando você sabe que o incômodo tem prazo definido para acabar.
Comecei as últimas semanas do ano fazendo aqueles exames de controle periódico que fazem o coração ficar apertadinho até os resultados ficarem prontos e o oncologista olhar tudo direitinho… Outra etapa para não lembrar por mais seis meses! Em seguida, exames pré-operatórios, teste de Covid-19 e toda parafernália para uma cirurgia em tempos pandêmicos.
Eu sabia que não seria uma recuperação exatamente simples e sem riscos, mas fui confiante e disposta a só me ocupar com leituras e filmes enquanto esperava o tempo passar, trocando curativos e fazendo fisioterapia. Porém, em poucos dias de alta, 2020 ainda me reservou mais uma surpresa: infecção na cicatriz, contaminação séria, nova cirurgia e consequentemente, a retirada da prótese.
A recuperação não está sendo fácil e ganhei como bônus uma anemia, além de uma coleção de dores que não estavam previstas e uma perspectiva futura de novo acompanhamento para a reconstrução da mama. Não nego que estou sentindo tristeza, uma pitada de revolta, e cansaço, muito cansaço. Quando calculo que quando estiver completando três anos do diagnóstico, recomeço todo o processo para uma nova cirurgia, tenho muita vontade de chorar!
Não se trata só de respirar fundo e passar por procedimentos cirúrgicos com todo pacote adicional antes e depois… É a vida que sempre tenta tomar coragem e recomeçar qualquer plano de ser alguém mais normal, que se compromete com projetos, pessoas e segue em frente. E produz, não uma amostrinha, e sim, uma sequência de resultados que vão se repetindo, fazendo a gente se sentir capaz. Um dia atrás do outro, vida que segue deve ser isso, não é mesmo? Ando me perguntando onde fica essa parte da “vida que segue” para um paciente oncológico. Ou então, onde está o manual para entender seu funcionamento!
No momento tudo que venho fazendo são pequenas caminhadas na areia da praia, onde vim buscar fôlego e coragem. O mar e eu temos um entendimento de longa data, desde a época em que morei no Maranhão. Foram quase cinco anos acordando e dormindo com ele na minha janela. Marés, vento, areia, tempestades, dias de sol escaldante. Aprendi a olhar, respeitar e entender. Mais a mim mesma do que a ele! Quando estou perto do mar medito de verdade, respiro em outra cadência, sinto paz, durmo bem. Consigo escrever sobre o que sinto, organizar os pensamentos. O mar me ajuda a curar as minhas dores.
E é pensando justamente no mar, no calor, e em curar dores, que voltei a preparar receitas que lembram bons momentos em que sentava na minha “mini varanda” no Maranhão. Uma delas é este picolé de manga e morango, que frequentou muito o meu freezer e fez a alegria de muitos amigos e vizinhos daqueles tempos.
Picolé de manga e morango
Ingredientes
- 1 manga descascada e picada
- 1 xícara de leite de coco
- 1-2 colheres (chá) de gengibre ralado
- 1-2 colheres (sopa) açúcar demerara
- 1-2 colheres (sopa) de suco de limão (usei siciliano)
- Morangos frescos picados
Modo de fazer
- Bater todos os ingredientes no liquidificador, exceto os morangos. Coloque o gengibre, açúcar e suco de limão ao poucos e teste de acordo com seu gosto pessoal.
- Distribua os morangos nas formas para picolés e preencha com a mistura de manga.
- Bata a forma contra a superfície da pia para retirar as bolhas de ar.
- Coloque os palitos e leve ao freezer por algumas horas, ou até firmar.
Boa Tarde!!
Sou gaúcha e amei teu Blog é simplesmente uma delícia !!
Fiz o picolé de manga e foi um sucesso por aqui!!Obrigada por tantas coisas boas compartilhada!
Abracos!
Oi, Mônica! Descobri hoje seu blog quando estava à procura de algumas dicas de fermentação de vegetais. Eis que o chucrute me trouxe à receita maravilhosa de picolé de manga com morango, e só então pude tomar conhecimento da sua trajetória de luta e desafios postos pelo câncer. Desejo que esteja tudo melhor para você.
Seu blog tem frescor e beleza incríveis. Já sou fã das suas receitas.
Abraço!
Me conte como ficou seu chucrute e se fez o picolé. Vou adorar saber! Um abraço
Monica, receba meu abraço de acolhimento e força.
Que você receba multiplicada toda a alegria e saúde que espalha com tuas receitas.
Agradeço o carinho Melina!
Gosto muito das suas receitas, são bem saudáveis! Acredite que tudo vai passar. Estou torcendo por você!
Agradeço o seu carinho!
Saúde a vc!!! E que delícia deve ser esse picolé…hum….
Monica,
Desejo a você um ano com muita saúde, alegria e momentos felizes perto das pessoas que te amam. Isso tudo vai passar .Mando boas energias, sempre agradecida por tudo o que compartilha conosco.
Muito carinho da Fernanda
Grata pelo carinho Fernanda!